9 de jan. de 2014

Livros antigos e leitura em 2014

Antes do começo de um novo ano sempre, querendo ou não, paramos para pensar a respeito do(s) ano(s) passado(s), e pensamos/planejamos a respeito do ano que se começa. É claro que sabemos (ou deveríamos saber...) que não temos tudo em mãos, e que, certamente ao se falar de planos para um ano inteiro se deva incluir a famosa frase de Tiago: "Se o Senhor quiser..." (Tg. 4.15). Mas creio que todos param para pensar a respeito do que querem fazer, ver, ouvir, aprender e alcançar no ano que vem.


Um desses pontos a respeito dos quais eu sempre paro para pensar quando um ano está para começar é como quero melhorar nesse ano quanto a leitura (muitos param para pensar nesse assunto, veja, por exemplo, diversas listas de 10 melhores livros lidos em 2013 no blog do amigo Allen Porto), tanto bíblica quanto de outros livros, e ler de forma mais estruturada e frequente. E nesse esforço nos dias antes da virada, procurando esquemas e sugestões para essa melhora, acabei encontrando diversas sugestões para ler mais dos Pais da Igreja, os antiquíssimos escritos dos primeiros séculos do Cristianismo.

Acabei lendo algumas coisas a respeito e resolvi tentar, começando com o famoso livro de Santo Atanásio (296-373): A encarnação do Verbo; primeiro porque há tempos estava na minha lista de livro que precisava ler, e já tinha postergado demais a leitura do mesmo, e segundo por causa da introdução escrita por C.S. Lewis na versão inglesa.
Para minha grata surpresa, Lewis também fala exatamente a respeito da importância de nos debruçarmos sobre os livros antigos. Ele diz:

"É uma boa regra que, quando se termina um livro novo (contemporâneo/recente), não se permitir ler outro livro novo antes que se tenha lido um antigo(clássico).Se isso é demais para você, deveria ler pelo menos um livro antigo a cada três novos."

Uma das razões porque um grande autor como C.S. Lewis sugere essa idéia não é por alguma ilusão quanto ao passado ou saudosismo do tipo "no passado tudo era melhor" (muito comum no futebol, p.e., mas que existe também em todas as outras áreas), mas sim porque os erros e as convicções eram diferentes. Questões que para nós parecem claras e decididas ainda estavam em pauta e precisavam ser ferozmente defendidas. Já questões que na relativização da nossa era se perderam, ou hoje precisam ser defendidas e pregadas, nos clássicos eram verdades aceitas sem muita dificuldade.
Por isso Lewis diz:

"Eu não desejo que o leitor comum não leia livros modernos. Mas se ele deve ler apenas o novo ou apenas o antigo, eu lhe indicaria os livros antigos."
   
Resolvi que essa será a estratégia que adotarei nas minhas leituras nesse ano, tentarei ler um clássico para cada livro atual. Agora falta decidir o que considerarei um clássico, mas essa é outra discussão.
Portanto, se você ainda não parou para pensar a respeito de suas leituras nesse ano, fica aí o desafio de visitar os clássicos comigo e vermos a riqueza do trabalho de tantos que nos antecederam.  





P.S. o livro com a introdução do Lewis pode ser encontrada aqui: http://www.ccel.org/ccel/athanasius/incarnation